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Foto do escritorMaria Eduarda Oliveira Pires

Contemplativos no Corpo de Cristo

NOSSO LUGAR NO CORPO MÍSTICO DE CRISTO

Por Ir. Catherine Marie, CP, Novembro de 2007

1) UM CORAÇÃO BATENDO DE AMOR


Um dia, há cerca de 117 anos, uma freira de clausura em França sentia um grande desejo de servir a Igreja. Vendo as grandes necessidades de sua época, talvez ela estivesse se perguntando se sua vida estava realmente fazendo diferença. Todos vocês provavelmente sabem que estou falando de Santa Teresinha, a freira de clausura que foi proclamada copadroeira das missões junto com o missionário atuante São Francisco Xavier. Então, neste dia, Teresa se perguntou: “Qual é o meu lugar na Igreja?” Na oração, ela olhou para o trabalho realizado por bispos, padres, missionários, casados, médicos, mártires e não se viu em nada disso. Teresa procurou respostas nas escrituras sagradas e encontrou sua resposta em 1 Coríntios. Ali, o Espírito Santo revelou-lhe algo tão simples, mas tão profundo, que toda a Igreja lê e reflete sobre esta passagem da sua autobiografia no breviário verde todos os anos, no dia 1 de outubro.


Cito agora trechos desta leitura:  “Quando olhei para o corpo místico da Igreja, não me reconheci em nenhum dos membros descritos por São Paulo... Eu sabia que a Igreja tinha um coração, e que tal o coração parecia arder de amor, eu sabia que um amor levava os membros da Igreja à ação e que, se esse amor fosse extinto, os apóstolos não proclamariam mais o Evangelho, os mártires não derramariam mais o seu sangue. ...que o amor é tudo, abrange todos os tempos e lugares. Então...com alegria suprema na minha alma, proclamei: 'Jesus, meu amor, finalmente encontrei a minha vocação: a minha vocação é o amor.... No coração da Igreja, minha mãe, serei amor.'” 


 Assim, somos como o coração bombeando sangue vital por todo o Corpo Místico de Cristo. Se este amor se extinguir, se não surgirem mais vocações para a vida contemplativa, a vida de toda a Igreja sofrerá imensa perda. Somos uma espécie em extinção hoje!


Em muitos documentos da Igreja, encontramos referências aos contemplativos como estando no coração da Igreja, continuamente envolvidos na obra do amor. E este amor se expressa num estilo de vida de oração e sacrifício.


No corpo humano, o coração é protegido por uma caixa torácica – e assim também no coração da igreja mãe, os religiosos contemplativos são protegidos do ruído e das imagens perturbadoras do mundo, por um claustro que assume diversas formas de acordo com o carisma particular ( dom do Espírito Santo) que cada instituto religioso recebeu.


Portanto, a imagem de um coração batendo silenciosamente com amor dia e noite, enviando a energia do Espírito Santo a todos os membros do corpo de Cristo, é uma maneira fácil de compreender o lugar da vida contemplativa na Igreja.

Entrar num claustro é verdadeiramente entrar no Coração de Cristo, no Coração da Igreja, e continuar o aspecto contemplativo da missão de Jesus.


2) MOISÉS ORANDO NA MONTANHA 


Outra maneira de pensar sobre a vida contemplativa na Igreja é a imagem de Moisés orando na montanha enquanto o povo de Deus lutava na planície. Ouvimos esta leitura há várias semanas na nossa liturgia dominical.


Conhecemos a história muito bem: quando Moisés manteve as mãos levantadas para Deus em oração, o povo de Deus levou a melhor na luta. Mas quando suas mãos se cansaram e ele as deixou cair, então os inimigos do povo de Deus começaram a vencer. Lembramos que Arão e Hur colocaram uma pedra para Moisés sentar, e apoiaram as mãos de Moisés, um de um lado e outro do outro, para que suas mãos permanecessem firmes até o pôr do sol. Como resultado, Israel venceu a batalha.


Também esta imagem, como a do coração, ilustra claramente a estreita ligação entre os contemplativos e todo o povo de Deus, cuja vocação os chama directamente para a batalha. Entre as pessoas que Deus chama para ajudar os contemplativos a manterem as mãos levantadas em oração, estão os membros do Clube Serra! Nós estamos todos juntos nisso. Precisamos um do outro.


A oração no monte também é característica de toda a missão de Jesus. Os Evangelhos contam-nos que Jesus sempre se retirava para a solidão para rezar sozinho ao Pai. Seu trabalho ativo resultou de Sua união íntima com Seu Pai em oração.


A Igreja separa os religiosos contemplativos em lugares de solidão – nas montanhas, por assim dizer. Os contemplativos dão testemunho público da oração de Cristo e da oração incessante da Mãe Igreja em todo o mundo.


Mesmo agora, o próprio Jesus, dizem as escrituras, está à direita de Seu Pai, “vivendo sempre para interceder por nós”. E a própria Igreja, desde o nascer do sol até ao seu pôr-do-sol em todo o mundo, oferece incessantemente o sacrifício da Missa e o sacrifício da Liturgia das Horas enquanto reza por cada pessoa que Cristo redimiu. Este é o nosso próprio trabalho na Igreja! Os religiosos contemplativos são chamados a dar testemunho público – isto é, através de quem somos e do nosso estilo de vida – desta oração incessante de Cristo e da Sua Igreja. Somos chamados a ser como Jesus orando numa montanha, e como Moisés numa montanha, mantendo as mãos levantadas em oração enquanto o povo de Deus luta contra as forças do mal.


Assim, até agora, utilizamos a imagem do coração pulsando o sangue que dá vida a todos os membros do corpo da Igreja, e a imagem de Moisés e de Jesus orando no monte. Esperemos que estas imagens esclareçam o lugar necessário da vida contemplativa na Igreja.


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